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Montanhas do Paraná e do Brasil

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sábado, 10 de novembro de 2018

Travessia Rui Braga


Quando conheci pela primeira vez o Parque Nacional do Itatiaia, descobri um verdadeiro parque de diversão para os montanhistas. Lugar lindo, único, com paisagens de tirar o fôlego e muito bem cuidado pelos órgãos de proteção ambiental. Conheci diversas montanhas como o Agulhas Negras, Pedra do Altar, Couto e Prateleiras. Também conheci a linda travessia Serra Negra. Mas faltava algo ainda para completar, e esse algo era a Travessia Rui Braga. Por três vezes tentei sem sucesso a reserva dessa travessia, pois como todo o parque é limitado e muito bem cuidado, você precisa ficar atento para a data que você vai faze-la, principalmente ser for fazer em temporada de montanha. Para não perder a reserva é precisa 30 dias antes. Dica, tem que ser 30 dias uteis, se tiver um mês com a data para 31, conta direito para você não perder. Outra dica é, tente assim que der meia noite, se você deixar para fazer de manhã corre o grande risco de ficar de fora. E somente 26 pessoas por dia podem fazer a travessia, passando essa quantidade esquece. Outra coisa também que me questionei no começo é sobre o valor do parque e sim você paga os dias que estiver lá dentro, mas com desconto de 50% no segundo dia para saber o valor clique AQUI. Assim que solicitado a reserva a demora é de uns 6 dias para receber a autorização, imprima e leve junto, recomendo imprimir mais uma via, pois como eles são bem burocráticos na entrada, se você assinar em local errado pode dar BO. Mas o resto é tranquilo, assim que chega na portaria com a autorização, o responsável assina uma via de responsabilidade junto com todo o grupo, e pronto, travessia liberada. 
Para fazer a reserva clique AQUI. Outra coisa, agora eles estão exigindo o Shit tube no site eles ensinam a faze-lo.
A Travessia Rui Braga era um caminho mais rápido para o acesso ao Planalto do Itatiaia, e foi mantida conservada até os anos 70. Foi muito utilizada por aventureiros, que conquistaram os principais cumes da região. Até a década de 80 alguns carros ainda trafegavam naquela região, prova disse é no começo da parte baixa, vários guardas corpos evitavam que carros despencassem nas ribanceiras.


Da esquerda para a direita:
Adri, Rafael, Priscila, Suzuki, Nelson, Mostarda, Cris, Vivi, Fernando, Cleisi, Fabiana, Denise, Perla


  • Começando nossa caminhada.


Chegamos no Posto Marcão parte de cima do PNI as 6:40, tempo de sobra para arrumar melhoras as mochilas, calçar a bota e se preparar para a descida até o abrigo Rebouças. Fizemos nossa inscrição no posto com a autorização na mão, como estávamos em 14 pessoas, 13 teve que ficar numa ficha e na outra o Nelson precisou fazer separado do grupo. Uma burocracia bastante necessária, sempre falo que seria bom se as nossas montanhas do Paraná tivessem esse controle. Saímos do posto Marcão já era umas 7:30 sem muita pressa descemos até o abrigo, onde paramos para tomar um café da manhã caprichado. Viajar 10 horas para chegar no nosso destino da muita fome e cansa bastante também. Depois de nos alimentar, com muita calma e sem precisar sair correndo, partimos para o nosso destino que era o abrigo Massena. Com uma previsão de caminhada de 4 horas a trilha nos surpreendeu muito. Logo chegamos na bifurcação entre Prateleiras e Rui Braga. Paramos um pouco para apreciar enquanto um grupo subiu até a vista do Prateleiras.

Continuamos sentido Massena, a trilha é praticamente só descida, com pequenos trechos de uma leve subida, logo encontramos um pequeno charco que não atrapalhou em nada a passagem. Depois de uma hora de caminhada chegamos num trecho de vale, que parece muito com as nossas trilhas aqui no Paraná. Mas se percebe de longe que se trata de mata secundaria. Logo avistamos no cume de um morro com uma casa abandonada, continuamos para a esquerda e logo nos deparamos com enormes capins elefantes, as meninas pequenas sumiam entre os capins que se não cuidasse poderia até cortar. Chegamos no Massena aonde acampamos, e para a nossa surpresa, uma trilha que estimava 4 horas foi feita em 2 horas a partir do abrigo Rebouças.




















  • Abrigo Massena.


Chegamos no abrigo Massena era umas 11:00 da manhã, a casa estava toda fechada para evitar que animais entrassem. Um casarão enorme feito toda de pedra, porém toda abandonada, mas estava limpo, sem lixo. Em seu interior uma enorme lareira e uma mesa de madeira. A casa ainda se estende para mais a dentro da mata que já tomou boa parte. Local bom para acampar é na enorme varanda. E se for bivacar deve pensar um pouco, pois não tem telhado bom e se chover vai se molhar legal. Ricardo (mostarda) mesmo arriscou bivacar na parte de dentro e deu certo. Da para acampar na frente onde tem umas clareiras, mas é toda tomada de arbustos que pode lhe atrapalhar na hora de dormir. Logo que chegamos fomos atrás de água. Segundo informação que tínhamos, água estava a poucos metros da casa. Voltamos pela mesma trilha aonde tem uma telha, a água está ali próxima. Subimos um pouco e logo encontramos um pequeno pocinho com água cristalina ótima para beber e fazer nossa comida. Levamos algumas garrafas pets para transportar água e em mutirão cada um ajudou no que pode. Como estavam próximo do almoço Perla, Denise e Viviane fizeram um banquete, polenta, calabresa, salada e risoto de funghi com cogumelos. Uma delícia. Os demais se virou como pode. 

Tínhamos tempo de sobra, então resolvemos conhecer as proximidades, voltamos pela trilha e fomos na casa abandonada, que era as ruínas da estação meteorológica abandonada. Tiramos algumas fotos e de longe avistávamos a serra Fina e nas proximidades as montanhas do PNI. Voltamos para o abrigo e subimos até a antiga estação de tv que também está abandonada. Lá de cima é possível ter uma linda vista de toda a serra e também do vale do Paraíba. É possível também ver tanto o pôr como a nascer do sol, um espetacular a parte. Voltamos para o abrigo e ficamos conversando até o anoitecer. As estrelas começava a apontar, poucas nuvens atrapalhava a nossa visão. Foi então que a Denise soltou uma linda frase “Deus é Maravilhoso” e uma resposta logo se mostrou no céu escuro, uma estrela cadente cortou o céu, gritos de alegria e euforia tomava conta. Sim Deus é maravilhoso e Ele nos mostrou seu sinal. Depois disso fomos então nos deitar, e aproveitar a linda noite e descansar para o próximo dia.








Serra Fina





















  •  2° dia de travessia


Na madrugada uma chuva veio para nos informar que ele estaria presente nessa história, embora não nos pegássemos na trilha. Um vento forte tomava conta da vegetação, estávamos a mais de 2500 metros de altura. Acordei as 2:00 com fortes dores nas costas e um bicho que batia na barraca, logo vi que não era bicho e sim a própria barraca fazendo seu barulho por causa do vento. Acordamos as 4:40 para ver o sol nascer, subimos até a casa onde era a estação de tv e de lá vimos o quão e lindo e o porque gostamos tanto disso.

Voltamos para o abrigo tomamos um belo café da manhã, desmontamos tudo, fechamos a casa e começamos nossa descida as 7:30 da manhã. No começo já pegamos o tal charco que faz muitos perderem a bota, mas não encontramos dificuldade em passar. Logo encontramos o vale da serra Negra, de longe avistamos uma cascata de pedra. Como é sempre descida  já estamos no Abrigo Macieira, uma casa toda de madeira que também está abandonada. Paramos para tirar fotos e descansar um pouco, em duas horas de descida já estávamos na bifurcação que vai para o abrigo Água Branca que também é liberado para acampar, mas pra isso é necessária autorização. Percebi que a tampa do REDH (reservatório emergencial de dejeto humano) tinha se perdido no caminho. Resolvi voltar até a casa Macieira para tentar procurar, deixai a mochila e voltei correndo, para a minha surpresa não a encontrei na ida, mas na volta a avistei jogando na mata. Tapa recuperada agora e correr para alcançar o grupo. A descida da bifurcação do Macieira/Água Branca é toda em zig zag interminável. É possível perceber a antiga estrada, e de longe começa a avistar as cidades que ficam em volta do parque. Em 4 horas desde o abrigo Massena já estamos finalmente no final da trilha e concluindo a travessia Rui Braga. Visitamos a parte baixa do parque que tem lindas cachoeiras em especial a Véu de Noiva, tomamos um belo banho ali e as 14:30 resolvemos voltar pra casa. Mas antes paramos num restaurante da cidade para almoçarmos e confraternizamos mais uma bela e inesquecível trilha.


Mais uma trilha realizada com sucesso, uma viagem longa, porém animada. Um grupo forte que e de respeito, que acredita e faz fortalecer mais ainda o forte laço de amizade.



Cascata de pedra















Final da Travessia Rui Braga




Véu de Noiva




Reginaldo Mendes
Denise Lovato
Viviane Kanuta
Perla Steil
Fabiana Pomin
Ricardo Rossi
Cleicimara Travaglia
Fernando Ferreira
Luiz Suzuki
Cristiane Alves
Nelson Junior
Adriana Pidorodeski
Rafael Rodrigues
Priscila de Oliveira