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Montanhas do Paraná e do Brasil

Montanhas do Paraná e do Brasil

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pico Ciririca - parte final


veja:
Ciririca - parte 1
Ciririca - parte 2

"As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas."
Provérbio japonês





A noite cai sobre a montanha, la fora o frio e a chuva da serração tomam conta. Não durmo muito bem em barraca, principalmente quando em baixo tem algo incomodando, mas mesmo assim conseguia pescar um pouco. A chuva batia na barraca com pouco de força, mas o vento já estava se acalmando. Wil dormia que nem uma pedra, e nem sinal do Patrick. Numa das minhas pescadas percebi que não ouvia mais o barulho da chuva na barraca, mas mesmo assim nem pensava em sair de dentro, pois estava frio, precisava e muito manter o corpo aquecido. Na madrugada escuto logo o Patrick nos chamando desesperadamente. Eu e Wil saímos da barraca correndo. Ele tinha saído da sua barraca para urinar, e acabou sendo surpreendido com algo magnífico, a chuva o vento a neblina tudo tinha ido embora, e as 03h30min da manha chegou nossa primeira recompensa. Por causa da ausência de luz e a lua que era minguante apareceu um céu lindo cheio de estrelas, era possível ver as nebulosas, um céu estrelado que nunca tinha visto antes. No PP, Caratuva e algumas montanhas que já passei a noite que já foram possíveis ver estrelas, mas não desta forma.
Ficamos observando também as luzes da cidade de Quatro Barras e Curitiba que ficava entre Tucum e a Serra da Graciosa. Mas não foi possível fica contemplando tudo aquilo por muito tempo, o frio estava intenso, talvez uns 8 graus. Fiquei ali por uma meia hora e logo voltei para dentro da barraca, meu saco de dormir logo esfriou, mas em questão de minutos tudo já estava normalizado. Logo pensei hoje o dia vai estar lindo.

De novo Patrick nos acordou cedo era umas 05h30min da manha, como não estávamos ali para descansar, levantamos e logo ficamos observando lentamente o sol nascer em direção da serra da Graciosa entre Antonina e o Pico do Marumbi.

Agudos da Cotia estava em nossa direção, à vontade de fazer o ataque estava no coração, mas deixamos para próxima, temos sempre que respeitar a montanha, e ela está ali para nós para quando quisermos voltar.

Tomamos um café, escrevemos algo no caderno do Ciririca, Wil se aventurou na placa subindo até o topo. E ali ficamos apreciando a bela natureza.

Nossa maior recompensa estava ali, Sete, Mãe Catira, baia de Antonina, Pico do Marumbi, Torre da Prata, Caratuva, Ferraria la no fundo, Tucum, Camapuã, Araçatuba, dava para ver o Litoral Paranaense e claro ali bem na nossa frente, Agudos Cotia, Lontra e Cuíca. Uma bela visão para se contemplar, mas toda ida tem sua volta.

E as nove da manha desmontamos tudo e partimos para a descida.

Resolvi colocar uma camiseta de manga curta, pois a que eu vim estava muito molhada. Na saída das placas que leva até o cume do Ciririca a mata estava bem fechada, uns arbustos de galhos bem duros batiam em nossos braços.

Tínhamos um pequeno cuidado para não acertar nos olhos. Com um pouco de dificuldade chegamos ao marco do Pico do Ciririca, avistamos o PP num ângulo diferente.

A serração estava chegando lentamente, já não se dava mas para ver o vale entre o Ciririca e o Pico do Paraná. Descemos a rampa com cuidado e logo estávamos no começo da trilha que leva até o Bolinha, dali em diante era 5 hrs para chegar, pois estamos adiantados, a descida é sempre mais rápida. Passamos pela Ultima chance, e seguimos nossa caminhada.

A volta foi muito mais tranqüila, chegamos rápido pela Cachoeira do Professor, paramos ali para fazer um lanche, fazer uma filmagem e rapidamente continuamos nossa caminhada. Passamos de novo pela pedra da corda, subimos com cautela, e continuamos. Parávamos para tomar água, e comer algo. O cansaço voltou a tomar conta, mas com menos peso na mochila, a nossa recompensa agora era chegar rápido no Bolinha.

Em cinco horas de caminhada já estávamos no cruzo de Tucum/Ciririca, bom sinal, a fazenda está próxima. Passamos pelas gigantescas árvores, paramos para agradecer um pouco. E exatos 06h28min de caminhada já estávamos na Fazenda do Bolinha, desabamos.

Uma parada ali no gramado e trocamos de roupa, uma rápida filmagem para encerrar a trilha, e começamos a descer a estradinha. Demos uma rápida parada para lavar braços, pernas e rosto. Uma caminhada árdua, são três kilomentros de caminhada a mais num sol forte,

parecia que nunca iria acabar aquela estradinha, em uma hora chegamos ao Túlio, meus braços estava todo machucado, Patrick com um dedo esfolado e Wil com todo rosto e braço machucado, mas estávamos felizes. Fizemos um lanche e tomamos uma Coca Cola bem gelada, que delicia, o ônibus passava às 18h30min na rodovia, agora só esperar o ônibus e ir para casa e contemplar mais uma conquista. A conquista do Pico do Ciririca, uma das montanhas mais difíceis do Paraná e do Brasil.



Dedico essa conquista a minha linda noiva Tanynha e ao meu filho Vinicius C. Mendes que tanto amo

FIM

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pico Ciririca - parte 2






Antes de chegarmos no rio da ultima chance os montanhistas que ficaram para trás na Cachoeira do Professor, nos alcançaram e seguiram seu rumo.
Depois de rasgar toda mata com dificuldade, passar por rios e cachoeiras, e desviar de bambuzais, enfim chegamos na rampa que leva ao pico Ciririca, uma montanha desafiadora, extremamente difícil e pouco visitada.
A longa serra da Graciosa estava em nosso pés, distante se enxergava diversas montanhas numa pequena janela, pois a serração estava engolindo todo verde que encontrava, Tucum/Camapuã, eram as únicas montanhas que se podiam ver mas próximo, era possível também ver uma parte da rodovia que está longe, muito longe.










Lembro de meu amigo Rodrigo Barbosa que disse na ultima vez que esteve la "Dava vontade de sentar e chorar". E estávamos prestes a fazer isso também. Estava muito cansado, não somente eu mas Patrick sentia também o cansaço. Uma rampa íngreme que levava até a base do paredão da montanha. Ainda era possível enxergar o paredão do Ciririca distante de nós e era possível ver os montanhistas escalando a montanha meramente distante de nós. A serração começava a cobrir tudo, já não era mais possível ver o verde da Serra do Mar. Fizemos uma pequena parada para um lanche rápido, pois já estávamos a 7 hrs caminhando e o desejo de conquista aumentava cada vez mais.
Não se via mais nada, não sabíamos mais onde estávamos indo, era só subida e mais nada.




Até a base da montanha somente caratuvas e matas auxiliares típicas da região, estávamos a mais de 1300 metros de altitude, faltava apenas um pouco mais de 400 metros, mas parecia 4 mil metros, o psicológico estava tomando conta um pouco, mas nada impedia de continuar.
A serração aumentou e para ajudar um chuva começou a cair, era chuva da própria serração. As pernas já não respondiam mais.
Continuamos nossa incansável caminhada, chegamos no paredão onde no começo conseguíamos enxergar outros montanhistas que já estava longe. Um paredão sem escada, sem corda, sem nada.





O jeito era deitar bem o corpo na rocha e se firmar bem para não escorregar. Nos agarrávamos em alguns trechos, e com muito força íamos conquistando cada metro da rocha, não tínhamos noção de altura pois a serração já estava muito forte.





A chuva aumentou, o cansaço simplesmente tomou conta, Wil que esta na frente sumia na serração, olhei para o Patrick e vi no rosto a vontade de desistir, mas tinha certeza que não era isso que iria acontecer. Assim como Wilderson que já estava bem distante de nós eu e Patrick tínhamos apenas um certeza chegar logo no cume da montanha em seus 1760 metros de altura. O vento também soprava forte, e a cada passo a persistência de chegar.



Logo avistei Wil jogando a mochila no chão com raiva, chegamos no marco dos 1760 metros de altura. Mas logo veio a pergunta, onde estão as placas? Com desespero irreconhecível Wil desabafa, "pegamos alguma trilha errada, ou ainda existe um longo trecho para percorrer". Patrick desaba no chão, eu simplesmente olho para pequena clareira na intenção de montar a barraca e ali ficar até amanha cedo, pois a serração e a chuva não deixava enxergar nada. Comecei a gritar para saber se alguns dos montanhistas que já estavam la respondiam, mas não se ouvia nada, pois o vento não deixava chegar o som.



De repente Wil coloca a mochila nas costas nos encorajando, Patrick que demonstrava cansaço do nada levanta, a adrenalina aumenta nas nossa veias e continuamos na caminhada, sem saber se ainda faltava muito ou não. A mata simplesmente se fechou, os galhos batiam no rosto e no corpo todo, Wil simplesmente grita, "avistei uma sombração". Era a imensa placa do Ciririca, a segunda provavelmente estava próximo, pois é o um ponto de clareiras boas para acampar. E mais 5 minutos estávamos finalmente no nosso destino. As placas estão alguns metros abaixo no cume do Ciririca, mas é dali que tem o melhor visual de tudo. Embaixo da neblina e garoa montamos acampamento, outros três montanhistas já estavam instalados la sendo que um deles era de Rio Grande do Sul. Nos cumprimentamos melhor, batemos uma ligeira conversa e fomos para a barraca do Wil, onde preparei um bom rango.



Arroz, macarrão, bacon e calabresa, Wil trouxe uma lata de dobradinho e misturamos tudo, ficou muito bom eu chamei o prato de "ultima chance ao molho". Patrick trouxe um vinho que não deu nem pro cheiro, e ele logo foi deitar, como trouxemos apenas 2 barracas, fiquei na do Wil, conversamos um pouco. A caminhada durou um pouco mais de 8 horas, estavamos muito cansado, a chuva aumentou la fora, parecia que não teríamos o gostinho do visual ou ver o sol nascer, mas o importante era a conquista da superação e vitória. Logo pegamos no sono, mesmo dormindo em cima de um pequeno barranquinho que me incomodava, precisava descansar para a volta.
Pois toda ida tem sua volta.

Continua...